Estágios da vida

Óh! Quão doce é, o olhar de uma criança,
Que se entrega com confiança,
Quando está com fome, chora, cansa
E ao sentir frio, os braços de sua mãe o alcança.

Tão inocente és, bela criança,
Em suas primícias, não existem malícias.
Que tens esperança, sorri e se balança,
Mas também chora, e após descansa.

Não dá pra decifrar a imaginação de uma criança,
Pois quando está feliz ela ri e dança.
E busca descobrir o que há em sua volta,
Mas quando existem limites, ela se revolta.

Suas primeiras palavras liberam emoção
Já entende o amor, mas não conhece a paixão,
Usufrui de carinho e de muita atenção.

E após sair das fraldas e largar a mamadeira,
Ela pensa que na vida tudo é uma brincadeira.
Na escola ela aprende escrever o “B-A-BÁ”
E no intervalo da lição, com seus amigos vai brincar.

Busca a beleza das coisas em sua simplicidade,
Observa e sente curiosidade,
Tenta entender, toca, sem maldade,
Mas às vezes a dúvida e a vergonha o invadem.

É aí que se começa perceber as diferenças,
Mesmo não entendendo, surgirá uma desavença,
E ao chegar em casa o menino quer saber:
-Mãe, por que isso? Por que aquilo? Por quê?

E as respostas nem sempre acabarão com suas dúvidas,
Algumas são diferentes, mas outras nem sempre mudam.
Então o menino precisa descobrir suas respostas,
Coloca o pé no mundo, vai atrás de coisas novas.

Nessa fase, o seu corpo ele começa conhecer,
Passa a sentir desejo e descobre o que é prazer.
Sabe que voltar pra casa é somente uma questão,
Porém se ele não voltar, aprenderá uma lição.

A maioria sempre volta, mas requer uma liberdade,
Pois afinal de contas, completou a maior idade,
E agora o menino grande, tem sua responsabilidade.

Constrói uma família,
Transfere o que aprendeu,
E então o homem entende, as voltas que o mundo deu.

Com seus filhos já crescidos,
E tomando o próprio rumo,
O grande homem pega as lembranças,
E constrói um lindo muro.

Muro das experiências vividas,
Das fotos felizes em sua lembrança,
Dos belos momentos em que viveu,
Quando ainda era criança.

Com seus cabelos grisalhos e a barba encardida,
Já não tem o que pensar,
Não espera muito da vida.

Mas então as dores vêm, e começam marcar seu corpo,
E o grande homem que era forte, se tornou um velho louco.
Louco é como o chamam, pois já começa a caducar
Faz coisas sem sentido, não sabe mais o que falar.

E então aquele velho retorna a ser criança,
Pois como tal chora e se balança,
Talvez não ri e nem mais dança,
E até mesmo os seus olhos, ao piscar o velho cansa.

Totalmente dependente de cuidado e de carinho,
O velho já não consegue, nem mesmo comer sozinho.
Quando suas memórias vão fugindo e sua esperança sumindo
É ai que se percebe, sua alma está saindo.

Adeus velha criança!
Voe com os lindos pássaros,
Suspire o cheiro das flores,
E flutue como o vento, que as arvores balança.

Mary Santos



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