Aroma de café e poesia

-Onde você mora? Alguém me perguntou. -Rio Marinho, Vila Velha, Respondi. -Ah sim, na croca! Mas acham mesmo que meu bairro é uma croca? Um lugar tranqüilo e calmo, Uma “boca” aqui, outra ali. De vez em quando a bala “canta”. Mas nada que espanta. Se por acaso for lá visitar, Passe devagar, Não precisa ter medo. Não tem muito segredo. Sobe morro, desce morro, Olha ali, outro morro. Parece roleta russa, é um barato. Mas não se esqueça de desviar do buraco. A população é diferente, Tem mais cachorro do que gente. Dei dois passos e de repente: O que é isso na minha canela? É um dente? Um verdadeiro zoológico, Cachorro, gato, cavalo e mosquito, é lógico, Mas também tem muita gente. Que solta seus bichinhos na rua para passearem livremente. Se for esperar um ônibus leve sua cadeira, Guarda-chuva, colchão, água, comida, geladeira. Só não pegue no celular. E de vez em quando dê uma olhada na bolsa pra ver se ele ainda se ...

Veja, as paredes estão mofadas e levará tempo até que toda mancha seja removida. Os móveis empoeirados confessam o grande período em que a casa ficou inabitada. As janelas com travas emperradas impedem a circulação do ar. Maçanetas, lâmpadas, tomadas, tudo quebrado, destruído. Aí está você, num canto de um cômodo qualquer, sem reação. Os dias se passaram e você não saiu do lugar. A chuva forte passou e você continuou prostrado. Fora de casa o sol brilha e tenta achar uma forma de entrar. A fresta na porta não é suficiente para que todo o raio solar se aconchegue. Abra as janelas. É preciso ter coragem. É preciso se levantar. É preciso que haja esperança de dias melhores Abra as janelas. Permita-se viver. Acredite. Deixe o sol entrar. Mary Santos

E eu que pensei que não valeria a pena, Eu que imaginei que seria impossível alcançar, Eu que me surpreendi com as rasteiras que a vida me deu, Eu estou vivendo e aprendendo que não existe impossível para meu querido Deus. Mary Santos