Croca


-Onde você mora? Alguém me perguntou.
-Rio Marinho, Vila Velha, Respondi.
-Ah sim, na croca!

Mas acham mesmo que meu bairro é uma croca?

Um lugar tranqüilo e calmo,
Uma “boca” aqui, outra ali.
De vez em quando a bala “canta”.
Mas nada que espanta.

Se por acaso for lá visitar,
Passe devagar,
Não precisa ter medo.
Não tem muito segredo.

Sobe morro, desce morro,
Olha ali, outro morro.
Parece roleta russa, é um barato.
Mas não se esqueça de desviar do buraco.

A população é diferente,
Tem mais cachorro do que gente.
Dei dois passos e de repente:
O que é isso na minha canela? É um dente?

Um verdadeiro zoológico,
Cachorro, gato, cavalo e mosquito, é lógico,
Mas também tem muita gente.
Que solta seus bichinhos na rua para passearem livremente.

Se for esperar um ônibus leve sua cadeira,
Guarda-chuva, colchão, água, comida, geladeira.
Só não pegue no celular.
E de vez em quando dê uma olhada na bolsa pra ver se ele ainda se encontra lá.

E é claro que tem seus encantos,
Tem dia que venta tanto,
Que vejo cachorro voando no céu.
Um verdadeiro espetáculo.
Tem até sapato pendurado no fio de energia.
Deve ter sido a ventania.

- Onde você mora? Alguém me perguntou.
- Na croca amigo! Eu moro na croca.
Mary Santos

Comentários

  1. Gostei tanto desse jeito bem-humorado! Todo lugar tem.seus altos e baixos, é seu texto, alem de não esconder nada, ainda joga uma pitada de faz-se dá-se conta... "o cachorro voou mesmo?" (Espero que nao rss)

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  2. Hahaha, as vezes acho que falta pouco pra isso acontecer.
    Obrigada 😊

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